Esta é a Semana Mundial do Aleitamento Materno 2016 e a “primeira vez” que vivo esta campanha! Acho que ninguém contesta a importância dela, né?? Aproveitei para repensar como foi o processo de amamentação pra mim.
Primeiro, gostaria de saber quem foi que disse que amamentar é fácil, é simples, é automático?? Hein?? Tá louco!! Não é BEM ASSIM! Ainda que para algumas mulheres “dar o peito” seja uma coisa tranquila e gostosa. Tem tanta coisa por trás deste processo que faz com que seja algo muito mais complexo.
Nem vou falar por mim, mas em nome de várias amigas e “companheiras de batalha” que sofreram muito, mas muitoooooo com esta experiência.
Eu confesso (bem menos envergonhada agora que sou mãe e “leoa”, – já que antes eu sentia receio em admitir e um medo imenso de ser julgada como herege) que NUNCA me imaginei “dando de mamá” pra um bebê. Não me sentia confortável com a ideia de ter uma pessoinha acoplada em mim, sugando meu peito… Achava muito, mas muito estranho.
Posso estar enganada, mas acho que toda mulher tem uma relação forte com seu seio e esta relação nem sempre é madura o suficiente para “aceitar” esta experiência ou sensação… sei lá, uma psicóloga poderia nos explicar melhor isto. Enfim, este era o meu caso!
Pra falar a verdade, este era o meu medo número 1 em “ser mãe”. Eu perguntava a todas minhas amigas-mães com era a amamentação pra elas.
A Paulinha, chegava a suspirar de tanto amor, só de lembrar… minha mãe dizia que era a coisa mais gostosa do mundo. Já a Lu não sentiu nada disso, nenhum prazer, assim como outras amigas que se sentiram presas, desconfortáveis, inseguras, com medo de que o peito “caísse”, cada uma com seus motivos e, por isso, amamentaram pouco ou quase nada. Mas todas viveram felizes com suas escolhas.
O grande fato é este! Amamentar tem que ser bom pra as partes envolvidas, não pra quem tá olhando de fora! Julgar é fácil quando não se está vivendo a situação mais intensa e sensível da vida somada à uma avalanche de hormônios estranhos circulando loucamente pelas veias. E em tempos de grande discussão acerca da liberdade do próprio corpo, cada um sabe de si, cada um faz suas escolhas, cada um faz o que quer com seu corpo.
Mas quero dividir a MINHA EXPERIÊNCIA com vocês e o melhor conselho que eu recebi. Foi da Lulu, mãe de duas e super parecida comigo quanto aos medos da vida, em vésperas do nascimento do Vicente. Ela disse assim: “Amiga, quando ele chegar, coloca ele próximo do teu peito e deixa que ele mesmo procure e encontre o caminho das pedras!” Simples assim!
Nossa! Aquilo me trouxe um alívio e uma paz sem tamanho.
Naquele momento, dei por superado aquele medo. Sério mesmo, achei de uma simplicidade! Afinal, somos mamíferos, e filhotes já nascem sabendo onde procurar o aconchego e o alimento na mãe, não é? Não seria diferente comigo.
No dia 24/11/2015, nasceu o Vicente. Meu parto foi ótimo! A bolsa estourou às 3:30 da madrugada, fui pro hospital às 5h, e às 9:30 o Vicente nascia de parto normal (como eu muito queria). O Beto acompanhou todo o parto e os procedimentos com o Vico, enquanto eu tentava assimilar aquela experiência louuuuuuca que é o parto e a Dra. Betânia me colocava “em ordem”!
Fui pra sala de recuperação e, em seguida, o Beto chegou com o Vicente!
Ai que delícia de momento!!
Estávamos começando a nos conhecer, meio desconfiados, cada um do seu jeito, Beto como pai + Vicente num novo mundo + Karine como mãe! O “Portal” tinha sido aberto. Agora não tinha mais volta!
A enfermeira chegou e falou: Vamos colocar ele no peito, mamãe?!
E eu: O quê?????? Agora??? Assim????
Ela nem me deixou acabar de pôr as minhas milhões de interrogações no final das frases!
Pegou meu “feijãozinho” e colocou no meu peito. O Vicente começou a mamar na hora, com a “pegada correta” e tudo certo! Quase chorei de emoção… não me lembro, mas DEVO ter chorado. Foi lindo, instintivo e automático. Ali começou, de verdade, pra mim, o nosso LOUCO AMOR!
Nas 48h seguintes, “desceu o leite de verdade”, até então era o tal do colostro.
Foi aí que tive meu primeiro medo. O seio inchou, ficou quente, dolorido, hipersensível, pingando e quase empedrou. Chamei uma enfermeira no meio da madrugada e ela me disse que eu teria que tirar este “excesso” de leite manualmente: “ordenha manual”.
Viu como a gente é parente da vaca??? Kkkkk
Meu marido e eu ficamos umas 2h horas tentando “ordenhar” o meio seio. Buscamos no Google algum video tutorial que demonstrasse como fazer (já que não deixei a enfermeira mostrar porque estava doendo muito e a “doce” mãozinha dela me deixou de cabelos em pé). Saía só uns pinguinhos, minhas mãos cansaram, as do Beto também, e o resultado foi frustrante.
Graças a minha amiga Bia, eu tinha em casa a maquininha milagrosa chamada “Medela” que passou a ser minha grande companheira nos 3 meses seguintes. Medela é a marca de uma bomba elétrica de tirar leite, bem carinha, mas que pode ser alugada ou emprestada se você tiver uma amiga MARA, super equipada e preparada como a Bianca. Meu caso! #GraciasBia! A bomba elétrica tem uma sucção super delicada e esvazia o peito super rapidinho. O Alívio é quase imediato. Santa Bombinha!
Mas e a parte complexa, Kazinha?? Ah, minhas caras, tem a questão da pegada (a forma correta como o bebê deve fazer a sucção para que não engolir ar e não ter cólicas), tem a questão do mamilo rachado (que fica machucado, sangra e dificulta em muito a relação da mãe e do filho), os tipos de mamilo (invertido, plano, alongado), o uso de conchas de silicone, bicos intermediários, alimentação, dietas de restrição alimentar, amamentação em livre demanda ou de 3h em 3h… Ihhh! Tem muita coisa pra saber! E SABENDO, buscando todas as informações, cada uma de nós deve seguir o caminho que considerar o mais adequado à sua vida e realidade.
Bem, mil detalhes podem ser compartilhados sobre este assunto, e pretendo escrever muitas vezes sobre isso, que considero a COISA MAIS COMPLEXA (E IMPORTANTE) DA MATERNIDADE.
EXATAMENTE, não acho que seja o parto, nem a recuperação da cesárea, nem outras ilusões sobre a maternidade… a Amamentação é algo super complexo (no sentido de “que abarca e compreende vários elementos ou aspectos distintos cujas múltiplas formas possuem relações de interdependência”, por Dicio.com.br), que “por amor à Vaca Jersey”, de ser instruída e estudada de uma forma séria, e cada vez mais profundamente, por todos os envolvidos com o nascimento/aleitamento de uma criança.
É a tal da “rede de apoio” que deve trabalhar em conjunto para que as coisas funcionem bem! A mãe lactante é o “instrumento”, mas esta ferramenta precisa de muito amor e apoio sempre!
O que eu posso dizer sobre amamentação agora que sou mãe:
- É a melhor coisa do mundo!
- É delicioso pra mim e pra ele! E ainda fortalece o sistema imunológico do Vicente!
- É um momento de conexão único entre mãe e filho.
- É o que eu mais gosto de fazer na vida!
Ainda que tenha doído nos primeiros dias, deu tudo certo, a dor foi indo embora aos pouquinhos e eu pude viver esta experiência! Me emociono, só em falar! Mas de fato, palavras não descrevem… Ju, Paulinha, Lulu e demais amigas que me deram dicas, vocês tinham TODA RAZÃO, é sublime! É surreal de tão bom!